EVOLUÇÃO E BIOGEOGRAFIA DA FLORA DOS TEPUIS DA AMAZÔNIA E EFEITO POTENCIAL DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE AS FLORESTAS DE BONNETIA
Pesquisa Realizada por: Rafael Gomes Barbosa da Silva
Ano: 2021
Linha: Mudanças climáticas e conservação da biodiversidade
Bioma: Amazônia
Nível Acadêmico: Doutorado
Os tepuis são montanhas tabulares que representam as porções mais elevadas da Amazônia, chegando a 3014 m de altitude, localizadas na fronteira do Brasil com a Venezuela. Distribuídas de forma isolada da vegetação circundante, como ilhas, os tepuis possuem grande riqueza de plantas e alto endemismo.
Nas paisagens rochosas dos tepuis, uma vegetação que possui notório destaque são as florestas de Bonnetia, que formam ecossistemas muito ricos no Pantepui, abrigando muitas espécies de plantas e animais. Por sua vez, as árvores de Bonnetia também se destacam muitas vezes por sua monodominância no extrato lenhoso nessas paisagens. O alto endemismo de Bonnetia, que possuem distribuições limitadas a poucos tepuis ou apenas um, associado à ameaças como perda de habitat e mudanças climáticas, impacta diretamente na conservação dessas linhagens, e com isso aproximadamente metade das espécies do gênero estão listadas com ameaçadas na Lista vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza.
Estudos apontam que, com o aumento da temperatura global, oito espécies de Bonnetia dos tepuis serão extintas até o final desse século. Diante disso, considerando a importância da flora amazônica no cenário global, do papel fundamental da biodiversidade e da grande lacuna de conhecimento na região, é notória a necessidade de estudos integrando várias áreas do conhecimento e variadas abordagens com foco nos tepuis.
Considerando Bonnetia como o grupo bastante representativo da região e seu preocupante status de conservação, é um modelo ideal para a realização de estudos pioneiros, evolutivos, utilizando sequenciamento do DNA e foco na conservação de linhagens deste ecossistema. Além disso, as florestas de Bonnetia servem também como um grupo bandeira para estratégias de conservação da flora dos tepuis.
Biografia:
Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Veiga de Almeida (UVA-RJ) e mestrado em Botânica pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Foi bolsista do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), onde atuou no estudo florístico de plantas vasculares do projeto Montanhas da Amazônia e no manejo da coleção ex situ do Bromeliário. Trabalhou como consultor técnico no Inventário Florestal Nacional (IFN), em convênio entre o Serviço Florestal Brasileiro (SFB-MMA) e Food and Agricultural Organization of the United Nations (FAO-ONU), atuando na identificação botânica e manejo de coleções de grupos arbóreos do cerrado nos herbários CEN e UB (Brasília - DF). Tem experiência na área de Botânica, com ênfase em Sistemática, Biogeografia e Taxonomia de angiospermas, atuando em estudos florísticos na Floresta Atlântica, Cerrado, Floresta Amazônica e Pantepui. Atualmente é vinculado ao Instituto Tecnológico Vale em pareceria com Museu Paraense Emílio Goeldi, colaborando em projetos no âmbito da Floresta Nacional de Carajás e na comparação florística e biogeográfica de vegetações abertas na Amazônia.