News
Uma mulher do mar
Quem não conhece Maurizélia de Brito Silva, a Zelinha, chefe da Reserva Biológica Atol das Rocas? A história de amor de Zelinha com a área protegida, apoiada pelo GEF Mar, da qual é chefe desde 1995, e onde pisou pela primeira vez em 1991, é dessas que inspiram. Filha e neta de funcionários do Ibama, ela encontrou na preservação do único atol do Oceano Atlântico Sul a sua missão pessoal. Em retribuição, ou como consequência, o Atol segue conquistando Zélia: “É um encantamento. O Atol é um lugar para perpetuar a biodiversidade, para pesquisadores encontrarem respostas, para garantir a proteção de estoques pesqueiros e a reprodução de mais de trinta espécies ameaçadas de extinção como a donzela das rocas, o mero, a raia chita, a tartaruga-verde, o tubarão lixa e a lagosta pintada.
Como a interferência humana é mínima, aqui observamos a vida seguindo o seu curso. Todo dia tem bicho nascendo e morrendo naturalmente.” explica ela. E como tem bicho! Estima-se que cerca de 150 mil aves habitem as ilhas do Farol e do Cemitério, entre elas as viuvinhas, os atobás marrom e mascarado, e espécies visitantes em processo de migração. Há pelo menos 147 espécies de peixes e centenas de moluscos como polvos, lulas e bivalves. Novas espécies foram descobertas entre as mais de 70 esponjas e as 12 ascídias, entre elas a esponja (Clathrina zelinhae) e a ascídia (Polysyncraton maurizeliae), batizadas em homenagem a Zelinha. “A REBIO Atol das Rocas está em um momento muito especial. Temos o apoio do GEF MAR e há uma década temos a parceria do Programa Costa Atlântica, da Fundação SOS Mata Atlântica, que constituiu um fundo de perpetuidade. É bastante gratificante para os servidores da unidade ter a certeza da continuidade das atividades também em função dos aportes financeiros externos.” explica Zelinha, que se orgulha do fato das atividades de patrulhamento, proteção, monitoramento ambiental e pesquisa científica serem realizadas de forma ininterrupta desde 1991.
A REBIO do Atol das Rocas é a primeira UC marinha do Brasil, criada em 1979. As condições de trabalho no lugar melhoraram com o tempo e as parcerias, mas passar dias em serviço na unidade ainda é tarefa para poucos. Zelinha conta com o parceiro Eduardo Macedo, também servidor do ICMBio e Jarian da Silva, contratado pelo GEF Mar, que se revezam em períodos de 35 a 45 dias em campo. “Eventos naturais como as tempestades oceânicas (swell) também põem a gente à prova. Apenas os abnegados permanecem firmes e fortes no propósito de pesquisar e preservar o nosso Atol das Rocas” conclui.