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Mulheres se destacam na gestão e na implementação do Projeto GEF Mar
No dia 8 de março celebramos o Dia Internacional das Mulheres. Uma data criada para reafirmar a histórica luta de mulheres por reconhecimento de direitos, que teve início no século 20, e para valorizar a importância do feminino na construção de sociedades. No Brasil, dados do IBGE de 2015 apontam que mulheres são 51,48% da população. No mundo da conservação da biodiversidade elas também são presentes e atuantes. A implementação do Projeto Áreas Marinhas e Costeiras Protegidas (GEF Mar) atualmente envolve pouco mais de trezentas pessoas das quais cerca de 50% são mulheres, entra as quais 22% ocupam cargos de diretoria, gerência, coordenação ou chefia de unidade de conservação ou centros de pesquisa.
“A presença feminina no GEF Mar é bastante forte e tem atuação significativa. Dentro do Departamento de Áreas Protegidas no Ministério do Meio Ambiente o projeto é liderado por mulheres, assim como em outras instituições envolvidas.” comenta Mariana Graciosa Pereira, coordenadora de Fomento ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação que em janeiro de 2018 passou a integrar a unidade de coordenação do GEF Mar no MMA. Para Betânia Fichino, analista ambiental que faz parte da equipe de Mariana no MMA, “a criação de um ambiente em que a atuação feminina seja reconhecida como igualmente capaz e importante para o atingimento dos resultados almejados depende das pessoas que ocupam os cargos de liderança e compõem as equipes de trabalho.”
“No geral, a área ambiental comporta uma atuação de destaque de mulheres, incluindo posições de liderança, que contribuem significativamente para o andamento da agenda.” ela acrescenta. Se faltam estatísticas para mostrar o número de mulheres empregadas em ONGs, órgãos governamentais e instituições científicas dedicadas à conservação da biodiversidade, no campo das ciências um estudo recente publicado pela Elsevier, maior editora científica do mundo, mostrou que agora mulheres publicam quase a mesma quantidade de artigos científicos que os pesquisadores homens (49%). Os artigos são a principal forma de avaliação na carreira acadêmica e em 20 anos a proporção de publicações de mulheres cresceu 11% no Brasil.
“Cada vez mais é notada a participação efetiva da mulher na conservação, seja no campo do ativismo, na pesquisa ou na extensão. Desde aquelas especialistas formadas pela vida, pelas práticas sustentáveis em pequenas propriedades, nos quilombos e nas terras de nossos povos originários até aquelas que se aventuram no mundo da pesquisa acadêmica e da gestão.” opina Roberta Santos, coordenadora do CEPSUL, um dos centros de pesquisa do ICMBio apoiados pelo projeto. A presença feminina no GEF Mar também pode ser vista na participação de pescadoras, marisqueiras, extrativistas, representantes de órgãos públicos e da sociedade civil nos conselhos deliberativos e consultivos das áreas protegidas apoiadas.
“As mulheres conquistam espaço e se destacam na conservação da natureza por que duas virtudes do feminino são especialmente requisitadas nessa missão: a capacidade de cuidar e a habilidade para cooperar.” comenta Adriana Moreira, especialista sênior em meio ambiente do Banco Mundial. Outras características atribuídas às mulheres, como facilidade de expressão, flexibilidade e empatia são lembradas por Mariana Gogola, assistente do projeto GEF Mar no Funbio, que, no entanto, pondera: “Não são qualidades exclusivas das mulheres, mas qualidades que todo bom profissional deve ter.”
A opinião de Mariana encontra eco na percepção de Daniela Leite, gerente do projeto GEF Mar no Funbio, que acredita “muito mais no perfil pessoal do que na distinção em função do gênero”, embora em sua experiência diz perceber que “as mulheres têm mais disposição para atender demandas profissionais e pessoais, sem abdicar de um dos lados, e isso é inspirador”. Para Roberta Santos, a intensidade emocional – em geral atribuída a mulheres – pode ser uma característica que fragiliza no árduo ambiente de trabalho, mas por outro lado, “possibilita ultrapassar barreiras e desafios, sendo mais uma virtude que um defeito”.
Por falar em desafios, “o machismo persiste em algumas situações prejudicando o posicionamento e a atuação das mulheres” lembra Betânia Fichino. A troca e os aprendizados proporcionados pela convivência entre mulheres também são bem lembrados por ela que destaca “mulheres, de diferentes perfis, que estando ou não em posição de liderança, na vida acadêmica e na vida profissional” a inspiraram por sua dedicação, seriedade e sensibilidade. Para Adriana Moreira são marcantes “as mulheres extraordinárias como as que lutaram para a criação de unidades de conservação na Amazônia e as que agora estão envolvidas na criação de áreas protegidas marinhas.”.
No caso de Daniela Leite, a primeira influência profissional teve nome e sobrenome: “Conheci a Lourdes Ferreira, técnica do ICMbio e especialista em planos de manejo, quando ainda estava na faculdade. Dona de personalidade marcante e muito objetiva, ela me inspirou pelo seu alto grau de comprometimento com a conservação e pela excelência técnica”. Para Roberta Santos, a fonte de inspiração estava no começo de tudo, no seio da família.
Com suas trajetórias e leituras próprias sobre o papel do feminino no ambiente profissional, as mulheres do projeto GEF Mar são tão diversas quanto a biodiversidade que buscam preservar. Uma boa amostra do potencial feminino no mundo da conservação!