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Uma carreira dedicada à conservação
Mitigar os impactos causados em uma espécie de mamífero tão delicada tem sido o desafio da carreira da bióloga Alexandra Fernandes Costa. Bolsista do GEF Mar na APA Costa dos Corais (AL/PE), ela tem se dedicado a conservar e proteger os peixes-boi marinhos (Trichechus manatus), mamíferos aquáticos, herbívoros ameaçados de extinção pela ação humana.
“O peixe-boi foi muito caçado no período colonial, e hoje em dia sofre principalmente com a alteração do seu habitat, com o assoreamento de rios, que são essenciais para reprodução da espécie. Temos muita influência no risco que correm: a ameaça de extinção”, conta.
Estimativas recentes apontam a presença de pouco mais de mil indivíduos no Nordeste do país, número considerado baixo por especialistas. Assim, sua curiosidade inicial transformou-se em um desejo de entender a espécie para ajudá-la na sobrevivência.
Alexandra tem mais de 20 anos de proximidade com os mamíferos aquáticos. Em especial com o peixe-boi marinho, por ter desenvolvido trabalhos específicos com a espécie no Ceará, Pará e em Alagoas, onde atua desde o ano passado.
“Ao vir trabalhar com animais em semi cativeiro, vi a possibilidade de auxiliar na melhoria do processo de reintrodução, e o monitoramento alimentar pré e pós soltura foi a forma que encontrei aqui em Alagoas”, explica.
Unidades de conservação no litoral nordestino dão especial atenção para o acolhimento de filhotes órfãos de peixes-boi encalhados que são resgatados ao longo da costa. Alexandra notou que o comportamento alimentar de alguns indivíduos soltos em seu habitat natural não lhes proporcionava total independência.
“Experimentamos um novo método, que consistiu em isolar um peixe-boi fêmea em um ambiente intermediário, onde realizamos intensivo monitoramento alimentar e comportamental antes da soltura. A tentativa deu certo”, detalha.
Sua avaliação rendeu frutos. Com apoio do GEF Mar, Alexandra pôde apresentar o resultado de sua pesquisa no Tercer Simposio Latinoamericano para la Investigación y Conservación de Manatíes (SILAMA), realizado no Peru, no início de novembro. Seu trabalho foi premiado como o melhor na categoria pôster, importante reconhecimento pela comunidade acadêmica e um incentivo para seguir trabalhando em prol da sobrevivência de uma espécie ameaçada de extinção.