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Saúde e Alegria para manter a floresta de pé
Foto: Comunitários transportam mudas de espécies nativas para barco. Foto: arquivo Saúde e Alegria
A prática agrícola de corte e queima é utilizada há milhares de anos por povos extrativistas tradicionais na Amazônia. Mudar esse hábito, que acarreta na diminuição das áreas de florestas, agrava as mudanças climáticas e empobrece o solo, é uma missão que exige esforço. Mas é possível, como mostram resultados preliminares do Projeto Economia da Floresta. Executado pelo Projeto Saúde e Alegria (PSA), que há décadas apoia 74 comunidades em que vivem os cerca de 22 mil moradores da Reserva Extrativista (Resex) Tapajós Arapiuns, no Pará – área seis vezes maior que o município do Rio de Janeiro. A iniciativa atua em quatro frentes e fortalece a cadeia de valor das comunidades da Resex: capacita moradores em técnicas de sistemas produtivos mais eficientes, que ao mesmo tempo em que mantém a floresta em pé, garante a segurança alimentar, gera renda e aumenta a qualidade de vida das populações tradicionais.
Por meio do Fundo de Oportunidades do Probio II, o projeto teve o Funbio como aliado desde 2015. Este ano o apoio chega ao fim, e um relatório preliminar apontou importantes resultado. Caetano Scannavino, coordenados do PSA a classifica como ‘’fundamental para alavancar o desenvolvimento territorial integrado da Resex”.
Construído com recursos do Probio II, o Centro Experimental Floresta Ativa (CEFA) é o principal pólo de desenvolvimento de projetos socioambientais da Resex. Por ele foram realizadas, só em 2017, mais de 15 oficinas de capacitação, entre elas as de boas práticas em sistemas agroflorestais, turismo de base comunitária, acesso a linhas de crédito. No total, mais de mil pessoas foram capacitadas. Entre os destaques está o curso de manejo de abelhas (a meliponicultura se tornou uma fonte de renda) e ainda a implantação de um horto medicinal com 15 espécies.
Além das capacitações, o CEFA ainda realiza um programa de reposição florestal. Hoje, são produzidas 300 mil mudas por ano. Elas são distribuídas entre 55 comunidades da Resex, beneficiando 650 famílias. ‘’O CEFA, construído por meio desse apoio, já começa a virar realidade como referência educativa, produtiva e de boas praticas a serem disseminadas para outras regiões”, conta Caetano.
Além das atividades que ocorrem no CEFA o PSA construiu 37 sistemas de abastecimento de água, das quais 14 foram apoiadas com recursos do Fundo de Oportunidades, que fez chegar água a mais de 3 mil pessoas. Desses 14 sistemas, sete são acompanhados de um painel solar, que foi desenvolvido em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e usa uma tecnologia que gera energia suficiente para encher em 2 horas uma caixa d’água de 10 mil litros.
’’Um grande avanço tecnológico alcançado graças ao Funbio por meio do Probio II e outros parceiros’’, diz Caetano. Antes do painel, os sistemas de bombeamento utilizavam um gerador a diesel, que além de poluir, tem um custo mais alto, e exige que os moradores vão mensalmente até a cidade para comprar combustível. Agora, nos sete sistemas, os geradores só são utilizados em dias nublados. Este conjunto de ações do Saúde e Alegria provou que a integração entre o meio ambiente e as pessoas é possível e que ambos caminham juntos.