Foto: Mayke Toscano/SECOM MT

No Brasil, o período de seca, entre abril e outubro, traz o risco de incêndios florestais e liga o alerta vermelho de estados. Em 2020, por exemplo, as queimadas no Pantanal, bioma com a maior planície de inundação do mundo, chegaram a destruir 40% de toda sua área localizada no estado de Mato Grosso, segundo o Instituto Centro Vida (ICV). E é no estado que o programa REM Mato Grosso atua em diversas frentes, incluindo o combate ao fogo junto a órgãos e comunidades locais. Além de ter 7% de seu território ocupado pelo Pantanal, no Mato Grosso encontram-se também outros dois importantes biomas brasileiros: a Amazônia e o Cerrado, conhecido também como a Savana mais biodiversa do mundo, concentrando cerca de 5% de toda fauna e flora do planeta.

O programa REM MT (do inglês, REDD para Pioneiros) é uma premiação ao estado do Mato Grosso pelos resultados na redução do desmatamento nos últimos 10 anos. A cooperação internacional dos governos da Alemanha e do Reino Unido doa recursos por meio do Banco de Desenvolvimento Alemão (KfW) e do Department for Business, Energy & Industrial Strategy (BEIS) para a iniciativa, que aplica em ações de conservação da floresta a fim de reduzir emissões de CO2 no planeta. A iniciativa é coordenada pelo governo do estado de Mato Grosso, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT), e gerenciado financeiramente e operacionalmente pelo FUNBIO.

Em 2021, a iniciativa investiu R$ 2,4 milhões (cerca de USD 450 mil) para apoiar ações de monitoramento, responsabilização e fiscalização previstas no Plano de Ação de Combate ao Desmatamento Ilegal e Incêndios Florestais de Mato Grosso, desenvolvido pelo governo local. Este foi o terceiro ano em que o REM MT apoiou de forma mais expressiva ações relacionadas ao combate a incêndios florestais na região. Para Fernando Sampaio, coordenador geral do REM MT, os prejuízos do fogo para o estado são imensuráveis para a biodiversidade e também para a produção agropecuária.

“Pelos dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas e o estudo de vulnerabilidade climática feito pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Mato Grosso, sabemos que um dos efeitos mais críticos da emergência climática para o estado é justamente o aumento de períodos quentes e secos, que fatalmente geram mais incêndios”, afirma Fernando, ressaltando o papel do REM MT durante o período de seca. “O apoio do programa à estratégia estadual de prevenção e combate ao desmatamento e incêndios florestais é um dos eixos mais fundamentais do programa e com maior impacto na mitigação de mudanças climáticas.”

Dentro do plano de ação, o programa REM MT possibilitou a renovação do sistema Planet de monitoramento via satélite das florestas de Mato Grosso para acompanhar em tempo real as áreas desmatadas, facilitando a prevenção e a fiscalização dos locais afetados. Os recursos também foram aplicados para aparelhar e reestruturar a Delegacia do Meio Ambiente (Dema) e outros órgãos de fiscalização que atuam contra os crimes ambientais, além de apoiar outras ações importante, como a contratação de uma empresa especializada na remoção de maquinários utilizados para o desmatamento ilegal.

Povos indígenas no combate ao fogo

O programa REM MT também doou 100 conjuntos de equipamentos de proteção individual (EPIs) para a defesa de Terras Indígenas (TI) e ainda promoveu até o momento capacitações para populações das TIs Perigara e Tadarinama feitas por bombeiros para que os próprios indígenas atuem nos primeiros combates a incêndios.

Entre os materiais doados pelo programa estão coturnos, luvas, facões, óculos, roupas especiais, capacetes, abafadores, foice roçadeira, lanternas e mochilas de bomba costal com capacidade para 20 litros d’água. Para o coordenador do subprograma Territórios Indígenas, Marcos Ferreira, os povos originários são estratégicos para a conservação dos ecossistemas do Mato Grosso.

“Ao darem o primeiro combate, a atuação vai para além de protegerem as pessoas, suas casas e aldeias, eles contribuem para a conservação de florestas e manutenção da biodiversidade no estado. O combate inicial possui maior chance de sucesso na extinção do fogo. Quanto menor a área atingida, menores serão as emissões de CO2, um dos principais objetivos do REM MT”, analisa.