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Primeira ação de campo do Tradição e Futuro na Amazônia promove produção de pinturas e grafismos
Traço marcante da cultura Kayapó, bem como da de outros povos indígenas, a pintura corporal funciona como um código dentro da aldeia, revelando o status social e a história das pessoas – faixa etária, tipo de ocupação e nível de sabedoria, por exemplo. Mas a pele não é o único suporte em que essa tradição artística se expressa.
Na primeira atividade de campo realizada pelo Instituto Kabu em parceria com o Projeto Tradição e Futuro na Amazônia, patrocinado pela Petrobras, indígenas de 12 diferentes aldeias Kayapó se encontraram para reproduzir seus grafismos característicos em telas e papéis especiais, nos quais também criaram representações de atividades comuns dos indígenas, da biodiversidade local e de mitos ancestrais.
“Queria aprender algo novo e foi uma alegria enorme participar dessa ação”, contou o jovem guerreiro Tàkàkno, que desenhou uma arara usando lápis de cor.
A produção da iconografia, que ilustra o rico universo da etnia, contribui para o fortalecimento da tradição, bem como para a disseminação de sua arte e valorização de sua cultura. Em um ambiente descontraído na aldeia Pykany, com oferta de comidas típicas e intensa troca de experiências, jovens e mulheres adultas produziram 60 desenhos e 29 telas carregados de simbolismo. O material está sendo catalogado pelo Instituto Kabu, com o auxílio dos próprios autores, para que as obras sejam usadas em projetos futuros.
A presença de indígenas mais experientes permitiu também a jovens desenvolvedores de conteúdos audiovisuais a gravação de depoimentos sobre os mitos formadores da cultura Kayapó, a cosmologia ligada à floresta, aos rios e aos animais, as festas e cerimônias tradicionais e o cotidiano nas aldeias e nas cidades, entre outros temas.
“Chamou a atenção o intercâmbio de conhecimentos, transmitidos pelos participantes mais velhos. Foi único vê-los reunidos, falando sobre seu cotidiano e sobre a necessidade de conservação dessa cultura riquíssima”, conta Luís Carlos Sampaio, que coordenou a execução do complexo planejamento que permitiu reunir 41 pessoas de aldeias distribuídas por mais de 6,5 milhões de hectares, área maior que a do estado da Paraíba.
Outra preocupação foi o cumprimento dos rígidos protocolos de segurança para evitar possíveis contaminações pela covid-19. Ainda assim, a ação, autorizada pela Funai, só foi possível devido à vacinação de toda a aldeia Pykany.