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Povo Kayapó evita, por ano, emissões de 750 voos Brasília-Tóquio
Florestas protegidas em territórios indígenas guardam 879 milhões de toneladas de carbono, o equivalente a 63 anos de emissões do município do Rio de Janeiro, segundo estudo inédito feito pelo projeto Tradição e Futuro na Amazônia.
Um estudo inédito que acaba de ser concluído pelo Tradição e Futuro na Amazônia, projeto patrocinado pelo Programa Petrobras Socioambiental, quantificou a importância do esforço de conservação do meio ambiente feito pelo povo Kayapó há décadas. Ele concluiu que há aproximadamente 879 milhões de toneladas de carbono estocadas nas cinco terras indígenas Kayapó apoiadas pelo TFA – Baú, Menkragnoti, Capoto/Jarina, Kayapó e Las Casas. A área, localizada no sul do Pará e no norte do Mato Grosso, tem 11 milhões de hectares (pouco maior que Portugal).
Do total, 653 milhões de toneladas são compostas por biomassa viva acima do solo – folhas, galhos e troncos vivos. Quando eles são derrubados ou queimados, o carbono é liberado na atmosfera em forma de gás carbônico (CO2), o mais abundante dos gases de efeito estufa, fenômeno causador do aquecimento global. Para que se tenha uma ideia mais clara, o estoque de carbono no território Kayapó é equivalente a 63 anos de emissões de CO2 pelo município do Rio de Janeiro nos níveis atuais.
Considerando o ritmo da devastação no entorno das terras indígenas, também calculado no estudo, pode-se concluir que os Kayapó evitam, por ano, o lançamento de 3,5 mil toneladas de CO2 na atmosfera, o equivalente às emissões de 750 viagens de avião entre Brasília e Tóquio.
“O estudo reforça a importância da conservação do território Kayapó para mitigar as mudanças climáticas. Ao manter a floresta de pé, os Kayapó evitam emissões de carbono, chave para conter o aumento de temperatura que já provoca eventos extremos em todo o planeta”, diz Dante Novaes, gerente do TFA no FUNBIO.
O surgimento de novas metodologias de cálculo de créditos de carbono, como o Carbono Social, abre a perspectiva futura de tornar a conservação do território uma importante fonte de renda para os Kayapó. Este mecanismo leva em conta não apenas o desmatamento evitado pelos indígenas em seu território, mas também o componente socioambiental, como o papel que as comunidades tradicionais exercem na manutenção das florestas e da biodiversidade.
A partir do estudo, o TFA busca dar aos Kayapó e à sociedade brasileira informações que respaldem e valorizem o intenso trabalho de preservação feito por este e por outros povos indígenas, que mantêm uma relação espiritual e sustentável com o meio ambiente.
Sobre o TFA
Patrocinado pelo Programa Petrobras Socioambiental e gerido pelo FUNBIO, o Tradição e Futuro na Amazônia (TFA) realiza desde 2020 ações para apoiar as comunidades Kayapó em parceria com três organizações representativas deste povo: os institutos Kabu e Raoni, e a Associação Floresta Protegida. Com atividades que incluem educação ambiental, agricultura sustentável, registro e transmissão de tradições e apoio à geração de renda e à gestão do território, o TFA beneficia mais de 9 mil indígenas de 57 aldeias. Entre as iniciativas está a construção do Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) da Terra Indígena (TI) Menkragnoti, no Pará, documento que orienta a administração de uma determinada TI, observando a autonomia dos povos, o princípio da sustentabilidade e outras diretrizes da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI).
Sobre o FUNBIO
O FUNBIO é uma organização da sociedade civil privada, sem fins lucrativos, criada em 1996 com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) e por iniciativa do governo federal para apoiar a implementação da Convenção sobre Diversidade Biológica. Tem extensa experiência na gestão de projetos e de ativos financeiros oriundos da cooperação internacional, de doações do setor privado e de obrigações legais do setor empresarial brasileiro. O FUNBIO não trabalha com recursos do orçamento público brasileiro. Em 2015, foi acreditado como agência implementadora nacional do GEF e, em 2018, como agência do Fundo Verde do Clima (GCF). Desde 2018, adota as políticas de salvaguardas sociais e ambientais da Corporação Financeira Internacional, IFC. Desde o início das atividades, em 1996, o FUNBIO já apoiou mais de 400 projetos que beneficiaram número superior a 300 instituições em todo o país.
Sobre o Programa Petrobras Socioambiental
O Programa Petrobras Socioambiental reúne projetos nos quais a Petrobras investe de forma voluntária e representa um dos seus compromissos de sustentabilidade. O Programa inclui ações de conservação de ambientes e espécies, manutenção e recuperação de biomas, fixação de carbono e emissões evitadas, gestão de recursos hídricos, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente, educação para o trabalho, educação ambiental, esporte educacional, entre outras. O projeto Tradição e Futuro da Amazônia faz parte do grupo de projetos que atuam na linha de Florestas. As iniciativas desse grupo contemplam ações voltadas para a conservação e recuperação de florestas e áreas naturais, proteção da biodiversidade com foco em remoção e manutenção dos estoques de carbono e adaptação à mudança climática, gerando benefícios ambientais e sociais, além de estimular a educação ambiental.