AQUALAND: BIODIVERSIDADE, ISÓTOPOS ESTÁVEIS E ÁCIDOS GRAXOS PARA QUANTIFICAR A CONECTIVIDADE TRÓFICA
Pesquisa Realizada por: Larissa Moreira
Ano: 2021
Linha: Mudanças climáticas e conservação da biodiversidade
Bioma: Mata Atlântica
Nível Acadêmico: Doutorado
Bacias hidrográficas desempenham funções ecológicas resultantes das complexas interações físico-químicas e biológicas que mantém os riachos e suas zonas ribeirinhas. Os impactos ambientais que afetam essas interações modificam a dinâmica e estrutura trófica e consequentemente a provisão de serviços ecossistêmicos.
Em novembro de 2015 o Brasil passou pelo pior desastre ecológico do país, quando uma barragem de rejeito de minério de ferro se rompeu no município de Mariana, Minas Gerais. A onda de rejeito varreu a vegetação ripária, dizimou os recursos hídricos da bacia do Rio Doce, extinguiu localmente a biodiversidade menos tolerante e comprometeu a conectividade de habitat.
A visão atual sobre a conectividade entre ecossistema terrestre e aquático é que as funções ecológicas e o link entre esses ecossistemas declinam à medida que as espécies são perdidas. Frente a enorme perda de biodiversidade decorrente do rompimento da barragem de Fundão, espera-se que as interações ecológicas em riachos impactados pelo rejeito na bacia do Rio Doce estejam severamente afetadas. De tal modo que o direcionamento para a restauração funcional dos ecossistemas impactados deve ser avaliado de forma sólida, urgente e contínua.
Portanto, buscamos avaliar a conectividade trófica ao longo da bacia do Rio Doce através da transferência de energia entre o ecossistema aquático e terrestre. Para isso, uma nova métrica de biodiversidade que quantifique a conectividade água-terra será desenvolvida utilizando uma abordagem integrada entre biodiversidade (taxonômica/funcional), isótopos estáveis e ácidos graxos. Esperamos descrever a real integridade ecológica do meta-ecossistema água-terra, e assim direcionar esforços para restauração e conservação de habitats funcionais. Estes resultados também poderão auxiliar no desenvolvimento de estratégias de gestão mais apropriadas, mais eficientes e menos dispendiosas para mitigar as consequências biológicas e ecológicas advindas da degradação ambiental.
Biografia:
Meu nome é Larissa Moreira, sou bióloga e aluna de doutorado do Programa de Pós-graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Durante a graduação fui monitora e bolsista de Iniciação Científica no Museu de Ciências Naturais da PUC Minas, onde trabalhei com taxonomia e sistemática de insetos aquáticos com ênfase na Ordem Trichoptera. Hoje com apoio do FUNBIO e do Instituto Humanize, desenvolvo um projeto de pesquisa para avaliar a conectividade trófica dos riachos impactados pelo rejeito decorrente do rompimento da barragem de Fundão.