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22/09/2023

Encontro celebra potência de ações de restauração na Caatinga

Fotos: Thiago Camara/FUNBIO
Fotos: Thiago Camara/FUNBIO
Fotos: Thiago Camara/FUNBIO
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“A Caatinga são várias caatingas”, a fala é de Francisco Campello, diretor técnico da Fundação Araripe, uma das 12 organizações que recebem recursos do projeto GEF Terrestre. De 19 a 21 de setembro, Juazeiro, na Bahia, recebeu o III Seminário de Intercâmbio entre Projetos de Recuperação da Vegetação em Unidades de Conservação na Caatinga e comprova a afirmação de Campello. Cerca de 110 pessoas deram vários tons do bioma, entre beneficiários dos recursos do projeto, coordenadores técnicos, servidores públicos do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e membros da equipe do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), gestor do projeto. Até agora foram quase 800 hectares restaurados, de uma previsão inicial de 750 hectares.

“O resultado surpreende e também é um bom exemplo a ser seguido pelos outros biomas que fazer parte do GEF Terrestre: Pampa e Pantanal. É um esforço coletivo: o Ministério do Meio Ambiente como o coordenador das ações técnicas, o FUNBIO como operador dessas ações e os técnicos dos projetos executando na ponta, onde os moradores do bioma Caatinga recebem os recursos e são impactados”, explica Rodolfo Marçal, gerente do GEF Terrestre no FUNBIO.

Desde 2020, R$ 15 milhões foram destinados para a recuperação vegetal da Caatinga. E as melhorias vão além da mudança na paisagem de um bioma muitas vezes invisível nas agendas globais de conservação ambiental, elas trazem também qualidade de vida para os habitantes.

“Não tem dinheiro que pague você amanhecer e ver um pássaro cantando, na sua porta”, disse em fala emocionada Lusinete dos Santos, da Comunidade da Fazenda Melancia, em Curaçá, na Bahia, ao apresentar os benefícios do projeto na sua vida. No dia 21 de setembro, o grupo presente no seminário fez uma visita de campo ao município que fica a 120 quilômetros de Juazeiro. Lá, puderam conhecer  o trabalho do Re-Habitar Ararinha-azul.

Consideradas extintas, as Ararinhas-azuis (Cyanopsitta spixii) voltaram a voar livremente na Caatinga, no ano passado, após mais de 20 anos. Foram dois anos sendo preparadas em recintos para reintrodução ao seu habitat natural, no trabalho desenvolvido pelo Re-Habitar Ararinha-azul, em parceria com Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental (Nema) da Universidade do Vale do Rio São Francisco (Univasf). O apoio do GEF Terrestre viabiliza a recuperação de 200 hectares de área, com o uso de cerca de 37 mil mudas que já foram plantadas.

“O trabalho que realizamos para recuperar o habitat da Ararinha-azul faz com que elas voltem à natureza, mas também beneficia os moradores das áreas onde elas aparecem. A recuperação desse ambiente se dá em propriedades rurais privadas e essas melhorias ficam”, explica Renato Garcia, coordenador do Re-Habitar Ararinha-azul.

Renato ressalta a singularidade do bioma, que na visita de campo estava no período de seca.

“A Caatinga é como se fosse a Amazônia dos ambientes semiáridos. É um ambiente que se transforma, que resiste, que passa por períodos de seca, onde suas folhas se perdem e na primeira chuva explode de cores e flores. Assim como a sua população que está aqui resistente, a cada seca e a cada estação chuvosa”, explica ele.

A caatinga, um bioma genuinamente brasileiro, está presente em 9 estados: Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais. José Cazuza de Oliveira, nascido há 60 anos na Caatinga, conta que vive hoje uma nova relação com o bioma, por meio dos trabalhos do projeto Sertão Vivo. Ele faz parte de uma das 22 famílias no Assentamento Lameirão, em Delmiro Gouvêa, em Alagoas.

“O sentimento que nós temos é o despertar da consciência crítica da importância da Caatinga. Nós descobrimos a importância da Caatinga. Esse ensinamento levamos da chegada do projeto e abriu nossa mente”, orgulha-se ele.

Os recursos do GEF Terrestre possibilitaram a criação de um viveiro de 300 metro quadrados no Assentamento. É um trabalho coletivo de restauração de 10 hectares e 10 mil mudas foram plantadas, por meio do projeto Sertão Vivo. Ricardo Ramalho, responsável técnico da iniciativa explica a importância das pessoas nesse processo.

“A Caatinga é social. Não se pode pensar em nenhum tipo de ação de restauração, sem colocarmos as pessoas no centro. Os recursos do GEF Terrestre contribuíram para o aumento da autoestima dos habitantes da região”, conta ele.

O projeto GEF Terrestre atua também no Pampa e  no Pantanal. Com um total de 25 projetos apoiados, incluindo os 13 projeto na Caatinga, reunidos nesse encontro. A previsão de recuperação de vegetação inicial era de 5.000 hectares ao final do projeto, mas os resultados mostram que a meta já foi ultrapassada e está em 6.100 hectares de área restaurada nos três biomas.

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