Com a renda gerada em atividades como a venda de sementes, castanhas e peças de artesanato, diversas aldeias Kayapó passaram a comprar, ao longo do tempo, produtos industrializados, que, assim como alimentos, são buscados regularmente em cidades próximas. Junto deles, porém, surgiu um elemento relativamente novo no imaginário dos indígenas, com o qual precisaram lidar desde então: o lixo.

Esse foi o tema central da ação de educação ambiental realizada na aldeia Kubenkôkre, uma das maiores do território Kayapó, pelo projeto Tradição e Futuro na Amazônia (TFA), patrocinado pelo Programa Petrobras Socioambiental. A atividade, executada em parceria com o Instituto Kabu, aconteceu em outubro e contou com a participação de aproximadamente 40 crianças, que acompanharam a rotina de coleta do lixo cumprida pelas mulheres. Esse processo foi conduzido por Kakore, morador local com grande experiência no assunto.

A importância de descartar o lixo em locais adequados e manter a aldeia e seus arredores limpos também foi abordada em um papo descontraído com os meninos e meninas, mediado por um técnico do Kabu com a ajuda de um tradutor do português para a língua kayapó. Em seguida, as crianças fizeram lindos desenhos a partir de seu aprendizado, consolidando-o. As imagens mostram a alegria dos pequenos e o carinho que têm pelas aldeias e pela floresta que os cercam.

O processo de coleta de lixo já é uma atividade consolidada na Kubenkôkre, que, com seus mais de 700 habitantes, é considerada uma “aldeia mãe” pelos Kayapó. O número significativo de habitantes da aldeia torna o tratamento do lixo fundamental para preservar as condições de higiene locais e evitar o impacto sobre espécies animais e vegetais da floresta. Lá, os resíduos são armazenados em um espaço chamado “casa do lixo” e encaminhados regularmente para o sistema de tratamento do lixo na cidade. Dessa forma, evita-se a queima dos resíduos nas aldeias, prática prejudicial ao meio ambiente.

Ensinar as crianças sobre a relevância do processo de coleta e recolhimento do lixo contribui, portanto, para preservar o modo de vida tradicional dos indígenas e, consequentemente, o território em que vivem, objetivo do TFA.