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Monitoramento de quelônios em 37 UCs contribui para a conservação dos vertebrados mais longevos do mundo
Apesar de serem um dos maiores vertebrados terrestres e mais longevos do mundo, os quelônios são os mais vulneráveis da atualidade, com cerca de 50% das espécies sofrendo algum tipo de ameaça humana. Na Amazônia brasileira o grau de risco não é diferente, das 21 espécies existentes na região, apenas cinco não estão na lista de extinção. Porém, iniciativas de monitoramento e manejo de quelônios indicam que o futuro das tartarugas da Amazônia está baseado em: conservação, educação ambiental e investimento em pesquisa.
O ARPA, Áreas Protegidas da Amazônia, atende atualmente 37 Unidades de Conservação que desenvolvem ações associadas ao manejo e monitoramento de quelônios.
“Há 20 anos trabalhamos com a participação de voluntários e diversos parceiros na tentativa de reverter o quadro crítico da conservação de quelônios na região. Na década de 1970 aqui era o local que mais tinha quantidade de desova no Brasil, era famoso, depois nos anos 90 começou a cair esse número”, afirma Misael Freitas dos Santos, Chefe do NGI ICMBio Trombetas.
O repovoamento dos quelônios nos rios e na região litorânea é fundamental para a saúde e o equilíbrio dos ecossistemas em todo o mundo. Em ambientes aquáticos ou terrestres, esses répteis desempenham papéis ecológicos cruciais, desde a regulação de populações de outras espécies até a dispersão de sementes e a contribuição o equilíbrio de rios e oceanos.
No Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, no Estado do Amapá, o monitoramento passou a ser uma ferramenta de troca com as populações tradicionais, possibilitando o combate à coleta predatória de ovos para o comércio ilegal e consumo. “A gente mudou o foco, ao invés de investir só na fiscalização, estamos nos dedicando à pesquisa e ao trabalho com os moradores. Contratar e capacitar essas pessoas que vivem e conhecem a região para coletar os dados faz todo o sentido e ajuda muito na conservação da espécie”, conclui Fernanda Colares, gestora da NGI Amapá Central.
Como financiador do Programa Monitora, o ARPA destinou cerca de R$ 2 milhões (biênio 2022/2023) para o Monitoramento da Biodiversidade com quelônios, possibilitando a compra de bens e equipamentos de uso para trabalhos de campo e para a realização das atividades dos projetos em campo.
Na Resex Maracanã, no estado do Pará, o monitoramento de tartarugas marinhas acontece diariamente após a maré alta para verificar se houve ocorrência, desova, os rastros e promover atividade de limpeza das praias e ações educativas que envolvem a comunidade e escolas locais. Das cinco espécies que desovam no Brasil, três foram identificadas em 2023: a tartaruga-verde, a tartaruga-de-pente e a tartaruga-oliva, originando 3.925 novos filhotes, provenientes de 44 ninhos monitorados.
A bióloga que acompanha o projeto destaca a importância do engajamento de todos: “A comunidade quando é envolvida acaba absorvendo esse cuidado, a gente espera que no futuro a própria comunidade possa fazer esse monitoramento, sem a nossa equipe, cuidando dos ninhos e melhorando a quantidade desses seres vivos no mundo como um todo,” disse Maria Augusta Lima, gestora na NGI ICMBio Salgado Paraense.
Já no Parque Nacional do Jaú, no Estado do Amazonas, onde o monitoramento acontece há mais de uma década, as notícias são excelentes: a taxa de sobrevivência tem aumentado a cada ano nesse processo de repovoamento ao longo dos rios, principalmente, no rio Carabinani e no Unini. O impacto é significativo pois os quelônios são uma fonte de proteína para as comunidades que se alimentam desses animais e assim, eles têm cada vez mais consciência da importância de manejar o recurso do ambiente para a qualidade de vida deles.
O analista ambiental do ICMBio que trabalha há mais de 20 anos com monitoramento destaca o componente da educação ambiental como o principal. “É muito significativo quando você propicia para uma pessoa que mora na cidade o contato com o meio ambiente natural em áreas protegidas, o cuidado com o animal, porque cria-se um vínculo e uma transformação que aquela pessoa leva pra vida e todos os lugares que ela for, o aprendizado sobre o cuidado com o ambiente e outros seres que estão ao redor,” diz Hueliton Ferreira, gestor da NGI Novo Airão.
As pequenas guardiãs da Amazônia precisam da nossa ajuda! Junte-se ao ARPA na luta pela proteção das tartarugas e da floresta.
O ARPA, Áreas Protegidas da Amazônia, é maior programa de conservação de florestas tropicais do planeta, lançado pelo Governo Federal, sob coordenação do Ministério do Meio Ambiente (MMA), gerenciado financeiramente pelo FUNBIO (Fundo Brasileiro para a Biodiversidade) e financiado por meio de doações nacionais e internacionais.
Iniciado em 2002, atualmente, apoia 120 Unidades de Conservação, contemplando áreas federais e estaduais, de proteção integral e uso sustentável, em diversas categorias de manejo, que totalizam 62,5 milhões de hectares, superando a meta inicial do Programa. A principal meta do Programa ARPA é, até 2039, apoiar a conservação e o uso sustentável de 60 milhões de hectares, o equivalente a 15% da Amazônia brasileira.