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ARPA leva ajuda humanitária a mais de 4,7 mil famílias afetadas por seca histórica no Amazonas
Não é de hoje que a Amazônia é impactada com os efeitos das ações causadas pelo homem no clima da Terra. Em 2021, chuvas acima do normal levaram o Rio Negro a ultrapassar o maior nível já medido em 120 anos. Em 2023, a situação ficou ainda pior, uma seca severa atingiu o Amazonas, registrando a menor marca do nível das águas desde 1902, causando graves consequências sociais e econômicas para a região. O ARPA, maior programa de conservação de florestas tropicais do planeta, levou ajuda humanitária a mais de 4,7 mil famílias afetadas pela estiagem.
Quem vive na região sofreu com os impactos. Sebastião da Silva, o primeiro morador da comunidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na RDS Rio Negro, viu a sua realidade mudar completamente. “Essa seca agora foi muito difícil, principalmente, para a pessoa idosa, para se deslocar para a cidade de Manacapuru. É muito difícil caminhar pela beira do rio. Desde 1963 para cá, essa estiagem foi a maior que teve aqui”, explicou o aposentado.
Diante do cenário, uma verdadeira força-tarefa foi montada para levar apoio humanitário a 4.715 famílias afetadas pela estiagem, em sete Unidades de Conservação apoiadas pelo ARPA. A missão emergencial aconteceu na semana anterior ao Natal beneficiando ao todo, 332 famílias em 25 comunidades na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Juma; 656 famílias em 12 comunidades na RDS do Rio Negro; 1.319 famílias em 48 comunidades na RDS Piagaçu Purus; 284 famílias em sete comunidades do Mosaico do Apuí; 587 famílias em 79 comunidades na RDS Amanã; 1.148 famílias em 107 comunidades na RDS Mamirauá, além de 389 famílias em 13 comunidades na Reserva Extrativista (Resex) Catuá Ipixuna.
A Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) do Amazonas, com recursos do Programa ARPA, gerenciado pelo FUNBIO, articulou junto a parceiros toda a logística e entrega. Ao todo, 113 toneladas de alimentos, além de kits de higiene, foram entregues aos beneficiários de 293 comunidades.
Para o gestor da RDS do Rio Negro, Jaime Gomes, a ação emergencial fortalece o principal objetivo da Unidade de Conservação. “É a melhoria da qualidade de vida, pelos serviços ecossistêmicos que vão prestar para a sociedade, não somente a local, mas a global”, destacou.
A presidente da Comunidade São Francisco do Bujaru, Juliane Silva de Oliveira, também relatou as dificuldades enfrentadas nesse período. Vários comércios ficaram sem abastecimento, sem gasolina e suprimentos básicos, por isso, a ajuda veio em boa hora. “Têm famílias que necessitam mais e, nesse momento, às vezes não têm nem um quilo de alimento”, completou a professora.
Atualmente, o programa apoia 120 Unidades de Conservação, contemplando áreas federais e estaduais, de proteção integral e uso sustentável, em diversas categorias de manejo, que totalizam 62,5 milhões de hectares. As Unidades de Conservação apoiadas pelo programa recebem suporte por meio de bens, obras e serviços essenciais para atividades de integração com as comunidades locais, formação de conselhos, elaboração de planos de manejo, levantamentos fundiários, fiscalização e outras iniciativas essenciais para seu bom funcionamento.
“O projeto Jovens Protagonistas, financiado pelo ARPA, despertou em mim a vontade de ser uma liderança local. Por meio dele eu tive oportunidade de participar de vários intercâmbios, congressos, fóruns e fui adquirindo experiência até eu chegar na presidência da Associação-Mãe da Reserva. A gente tem que deixar um legado para as pessoas e nada melhor do que dar oportunidade de conhecimento, pois o conhecimento vai transformar tudo, e nesse sentido o ARPA ajudou muito na parte de educação, formação de novas lideranças e proteção do território”, contou o ex-presidente da Associação-Mãe da RDS do Rio Negro, Viceli Costa.