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Moradoras de Ilha Grande, no Rio de Janeiro, realizam testes de roteiros turísticos inéditos
Na Ilha Grande, em Angra dos Reis, cinco mulheres são lideranças na Enseada das Estrelas e tomam a frente do projeto de Turismo de Base Comunitária Enseada das Estrelas e suas Raízes, para incentivar o desenvolvimento de roteiros que promovam a diversidade cultural ancestral e o desenvolvimento econômico sustentável. Na manhã de terça-feira, 7 de maio, elas realizarão o teste de um dos novos roteiros, que incluem café da manhã tradicional na comunidade, conversa com mestres do local, que são pescadores, artesãos antigos da Ilha que se reúnem com os visitantes para contar sobre a cultura caiçara e tradições; além da visita a um cerco flutuante. O cerco flutuante é uma arte de pesca caracterizada por manter o pescado vivo a partir do uso de uma armadilha feita com redes fixadas ao fundo por âncoras e sustentadas por flutuadores. É considerado uma importante ferramenta de manejo sustentável, por possibilitar que os pescadores selecionem os peixes para o consumo e devolvam ao mar os demais.
Já na manhã e início da tarde da segunda-feira, 13 de maio, acontecerá o último teste de roteiro, começando pela Igreja de Santana, com contação de suas histórias; passeio na praia e banho de mar; almoço caiçara, com pratos preparados com frutos do mar e alimentos cultivados na região, além da visita para conhecer o artesanato dos mestres de Freguesia de Santana. Após cada teste acontece uma roda de conversa para avaliação dos roteiros, que poderão ser usufruídos pelos visitantes em breve.
O projeto promoveu a criação de uma cartografia social, ou seja, capacitou as moradoras para mapearem a própria história, dando visibilidade e voz aos povos tradicionais. Dez mulheres participaram das pesquisas de campo e 25 tiveram a oportunidade de conhecer as experiências de outros locais para fortalecer a oferta de serviços. O turismo de base comunitária fortalece as atividades dos moradores, que prestam serviços para os visitantes, tais como: guia, passeios, venda de artesanato, hospedagem e alimentação, respeitando o meio ambiente e o cotidiano local.
Considerada um paraíso ecológico, com sua beleza e atrativos naturais, como praias de água cristalina, cachoeiras, mirantes, trilhas na natureza preservada, boa parte do território da ilha constitui-se de Unidades de Conservação. Entretanto, a Ilha Grande é muito afetada pelo turismo de massa, enfrentando problemas como excesso de visitantes e falta de conscientização ambiental. Decididas a oferecer alternativas turísticas mais sustentáveis, essas mulheres atuam para resgatar a própria história e aumentar a renda da comunidade, formada por moradores originários, com raízes fortes na região costeira. A partir do apoio do projeto Educação Ambiental, gerido pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), a Associação dos Moradores e Pescadores da Enseada das Estrelas (AMPEE) pode investir em capacitações e na criação de novos roteiros atrativos e que se destaquem entre as ofertas de grandes agências turísticas, que nem sempre beneficiam a região.