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Protagonismo feminino movimenta turismo comunitário na Ilha Grande-RJ
O que a Jaísa, a Queila, a Josilene, a Danielle e a Marilene têm em comum? Todas atuam ativamente pela construção de uma comunidade sustentável, solidária e em harmonia com a natureza na região da Costa Verde. O Rio de Janeiro é o estado mais feminino do país. Hoje, 52,8% dos fluminenses são mulheres.Em Angra dos Reis, onde se localiza a Ilha Grande, não é diferente. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o município tem um total de 167.434 habitantes, sendo 85.762 mulheres (51,22%). Maioria em números e em protagonismo, na ilha, elas são lideranças nas comunidades e tomam a frente do projeto de Turismo de Base Comunitária Enseada das Estrelas e suas Raízes, para incentivar o desenvolvimento de roteiros que promovam a diversidade cultural ancestral e o desenvolvimento econômico sustentável.
Em uma região muito afetada pelo turismo de massa, elas atuam para resgatar a própria história e aumentar a renda da comunidade, formada por moradores originários, com raízes fortes na região costeira. Jaisa dos Santos Assis, 40 anos, e Queila Lara dos Santos Silva, 41, são donas de casa e integrantes da Associação dos Moradores e Pescadores da Enseada das Estrelas (AMPEE). Com o apoiodo projeto Educação Ambiental, elas puderam investir em capacitações e na criação de novos roteiros atrativos e que se destaquem entre as ofertas de grandes agências turísticas, que nem sempre beneficiam a região.
O turismo de base comunitária fortalece as atividades dos moradores, que prestam serviços para os visitantes, tais como: guia, passeios, venda de artesanato, hospedagem e alimentação, respeitando o meio ambiente e o cotidiano local. O projeto promoveu a criação de uma cartografia social, ou seja, capacitou as moradoras para mapearem a própria história, dando visibilidade e voz aos povos tradicionais. Dez mulheres já participaram das pesquisas de campo e 25 tiveram a oportunidade de conhecer as experiências de outros locais para fortalecer a oferta de serviços. A partir de oficinas e rodas de conversa, essas mulheres estão na reta final para a criação de roteiros, que em breve poderão ser usufruídos pelos visitantes.
Para Jaisa Assis, coordenadora da AMPEE, o projeto fortalece os laços comunitários, empoderando as pessoas para serem agentes ativos na preservação de seu patrimônio natural e cultural. “O turismo comunitário fortalece as nossas atividades. A cartografia social ajudou a resgatar o orgulho de ser caiçara, de pescar, plantar, fazer farinha, estar em contato com a nossa história. As mulheres tomam a frente do projeto e muitas levam seus filhos para as oficinas e encontros, o que fortalece as tradições entre as gerações”, destaca.
O trabalho já tem rendido frutos. Josiele Cruz Andrade e Silva, 34 anos; Danielle Dias Fernandes, 40, e Marilene dos Santos Raymundo, 55, são donas de casa e marisqueiras. Essas pescadoras artesanais são um bom exemplo do que vem pela frente. Trabalhadoras tradicionais que já produzem renda extra no verão, estão organizando de forma colaborativa uma rede de economia solidária para vender o marisco a preço justo que beneficie a todas. Com o lançamento dos novos roteiros, organizados com a participação de todas, fica a expectativa das vendas aumentarem com a expansão do turismo comunitário. No que depender das mulheres, a Ilha Grande continuará sendo um lugar paradisíaco, para visitantes e moradores.
O projeto Educação Ambiental é uma medida compensatória estabelecida pelo Termo de Ajustamento de Conduta de responsabilidade da empresa PRIO, conduzido pelo Ministério Público Federal – MPF e executado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO).