CORAL REEF

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Criado em 2020, o Fundo Global para Recifes de Corais (GFCR na sigla em inglês) é a primeira e única iniciativa de blended finance dedicada a recifes de corais em escala global. A coalizção público-privada é composta por, entre outros, agências das Nações Unidas, Mergulho nas águas do governos e fundações.

O Fundo tem como foco promover soluções financeiras de escala e a transição para a economia azul, a fim de promover a resiliência dos recifes e das comunidades que deles dependem aos impactos das mudanças climáticas. Quando a temperatura ambiente aumenta por longo tempo, os corais perdem as suas zooxantelas — microalgas fotossintetizantes que dão cor aos seus tecidos e são sua principal fonte de energia, mas que passam a produzir compostos nocivos quando sobe a temperatura da água — e são forçados a expeli-las. Com isso, os corais ficam brancos e incapazes de se alimentar via fotossíntese durante esse período. É como se as folhas de uma árvore perdessem seus cloroplastos (estruturas em que fica a clorofila), com a ressalva de que os corais são animais e não plantas. Dependendo da intensidade e do tempo que durar esse branqueamento, o coral pode voltar ao normal ou morrer.

A iniciativa, que tem o FUNBIO como agência executora dos recursos no Brasil, apresenta como diferencial a abordagem de blended finance, que combina recursos de doações com investimentos de retorno financeiro em negócios de impacto socioambiental positivo capazes de desenvolver as economias locais e ajudar na conservação dos recifes de corais. No modelo, as doações têm o papel de fomentar os preparativos iniciais das áreas para a chegada de parcerias e capital de fundos privados com olhar no uso sustentável dos recursos naturais.

Como resultado das emissões de gases de efeito estufa, os recifes de corais são impactados por águas mais quentes em oceano cada vez mais ácido, sem contar as ameaças locais pela poluição e sobrepesca. Segundo relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), alguns desses ecossistemas podem sofrer danos irreversíveis se o planeta aquecer mais de 1,5°C em relação ao período pré-industrial. No caso de 2ºC ou mais, de acordo com os alertas da ciência, 99% de todas as espécies de corais que constroem recifes poderiam ser perdidos, devido à gravidade dos eventos de branqueamento, além dos desequilíbrios causados nesses ambientes marinhos por tempestades mais intensas que aumentam o fluxo de sedimentos do continente, entre outros pontos de preocupação.

Com 8 mil km de extensão, o litoral brasileiro se destaca no mapa dos riscos — e, também, de oportunidades para uma nova abordagem de conservação. Após a aprovação inicial do Fundo Global para Recifes de Corais para o desenvolvimento do programa no Brasil, o objetivo é articular e capacitar os diversos atores locais, entre ONGs, governos, pesquisadores e comunidades, para avanços no zoneamento dos usos e identificação de potenciais arranjos de negócios em cadeia, como por exemplo turismo de baixo impacto, pesca sustentável e tecnologias de gestão de resíduos.

 

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