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De casa nova
Foto: ICMBio
São mais de 50 mil hectares e quase três décadas de existência. Mesmo com tanto tempo de vida e abraçando toda a área oceânica do município que dá nome à unidade, a Reserva Extrativista (RESEX) Marinha do Arraial do Cabo ainda é um tanto desconhecida pela população local, na avaliação de seu gestor-chefe, Leandro Goulart, do ICMBio. Mas este cenário deve mudar nos próximos anos: pela primeira vez, a RESEX terá uma sede para chamar de sua. “Vamos convocar a população a participar e se envolver mais nas discussões da unidade”, diz.
Com 575 m2, o imóvel foi adquirido por meio do Projeto Apoio a UCs, com recursos do TAC Frade. O desejo por uma sede era demanda antiga da RESEX. “Houve muitas gestões até aqui e ela nunca teve um espaço próprio: sempre contou com apoio de terceiros, de outras instituições e aluguel de espaços que servissem como base de apoio”, conta Leandro Goulart.
No troca-troca de bases temporárias, a RESEX Marinha do Arraial do Cabo já encarou locais insalubres, apertados, com banheiros defeituosos e sem cozinha para se fazer um cafezinho sequer. Nos últimos quatro anos, a situação melhorou um pouco com o aluguel de uma casa simples no centro do município. Mas ainda assim, longe do ideal. “Fazemos malabarismo para caber nossos equipamentos, o espaço é ruim para atender o público – em dia de reuniões grandes, as pessoas passam calor, ficam irritadas”, diz o gestor.
O novo terreno é bem mais amplo, e acomoda com conforto os sonhos da unidade. Antiga casa residencial, o imóvel vai passar por uma reforma nos próximos meses, mas já conta com uma sala grande de recepção, uma cozinha com refeitório para atender a equipe e visitantes, três quartos amplos com suítes que vão se transformar nas salas dos servidores, uma garagem que comporta os veículos da unidade, além de duas construções anexas.
Enquanto se encerram as últimas burocracias para a assinatura do contrato de aquisição do imóvel, os ventos de mudança começam a soprar por ali. A ampliação do espaço já possibilitou que a equipe de servidores dobrasse de tamanho, com a contratação de agentes ambientais temporários que vão apoiar o monitoramento da unidade.
A fiscalização, aliás, é uma das áreas de maior impacto positivo que a nova sede promete trazer para a RESEX. Antes, as lanchas usadas nas operações ficavam numa marina em Cabo Frio, município vizinho de Arraial. Ao receberem denúncias de atividades ilegais, os agentes levavam pelo menos cinco horas para buscar as embarcações e adentrar o mar. “A logística não é simples, e assim não conseguimos pegar as infrações na hora”, explica Leandro.
De agora em diante, todos os veículos – terrestres e marinhos – estarão reunidos na nova sede, localizada estrategicamente perto da Praia dos Anjos, onde será possível embarcar para um rápido atendimento das denúncias. Próximo à região central da cidade, o local é também onde está situada a maioria dos órgãos administrativos do município.
Paralelamente às ações de monitoramento, a RESEX finalmente deve conseguir implementar um programa de voluntariado permanente. Uma das construções anexas do terreno vai virar um alojamento para receber as novas turmas. E um centro de visitantes com materiais expositivos também será estruturado para que turistas e a própria população local possam conhecer com mais profundidade o trabalho e a importância dessa antiga área de proteção ambiental de Arraial do Cabo.
Aproximar a RESEX das pessoas é uma das metas para os próximos anos. “Apesar de toda a área marinha do município ser da RESEX, pouca gente sabe disso: ela não tem a visibilidade que deveria ter no município”, diz Leandro. Prevista para ser feita até o início de 2024, a inauguração pública da nova sede certamente vai ser um passo decisivo neste sentido.
Texto originalmente produzido pelo jornalista Bernardo Camara para a newsletter “Linhas do Mar” para divulgação do Projeto de Apoio à Pesquisa Marinha e Pesqueira, Projeto Educação Ambiental e Projeto Apoio a UCs.