As RPPNs da SPVS são oficialmente parte do Mosaico de Áreas Protegidas do Lagamar e atualmente, são desenvolvidas ações integradas entre UCs e instituições atuantes na região, com ações de conservação e trabalho com as comunidades locais, destacando-se uma nova iniciativa que abrange todo o Mosaico Lagamar, a Grande Reserva da Mata Atlântica.

Entendendo a restauração como um processo de longo prazo que visa conservação da biodiversidade, geração de serviços ecossistêmicos e de grande importância para manutenção da conectividade da paisagem, a SPVS vem trabalhando na restauração de mais de 1.500 hectares de antigas pastagens de búfalos. Esse trabalho é acompanhado por dezenas de pesquisas com diferentes instituições. Para a restauração dessas áreas o primeiro grande desafio foi combater a braquiária, espécie invasora extremamente agressiva, utilizando-se como estratégia o seu sombreamento. Em um primeiro momento foram utilizadas um pequeno número de espécies de crescimento rápido de estágios iniciais de sucessão que pudessem suplantar essa gramínea, o que resultou atualmente em florestas de estágio inicial de sucessão.

O Mata Atlântica, das encostas às áreas alagadas: restauração ecológica em RPPNs do Mosaico Lagamar – Paraná, no período de dois anos, enriqueceu 654,9 hectares dessas áreas com uma maior diversidade de espécies características das florestas maduras da região. Em 231,4 hectares a braquiária ainda predomina atualmente. A partir de estudos preliminares em áreas piloto, desenvolveu-se uma técnica em parceria com instituições de pesquisa, que possibilitará também restaurar essas áreas.

Outro foco do projeto é o fortalecimento da cadeia produtiva associada à recuperação, primeiramente contratando e capacitando mão de obra local, respeitando as questões de gênero, desde produção de mudas em viveiro próprio ao plantio e monitoramento das áreas em restauração. Também será estimulado um novo formato de produção agrícola na região por meio do desenvolvimento de modelos de sistemas agroflorestais que trabalhem com espécies nativas da Mata Atlântica, principalmente as espécies frutíferas, além de capacitações que serão ofertadas em diferentes temas, desde restauração, SAFs, incluindo gestão e planos de negócio para estruturação da cadeia produtiva associada a recuperação na região.

Como lastro de sustentabilidade a essas ações destaca-se o potencial turístico e a gastronomia que são pontos fortes nos municípios da região em consonância com a iniciativa Grande Reserva Mata Atlântica. Concomitante a essas ações um trabalho sistemático de comunicação e de relacionamento permitirá a expansão ampla de informações com os detalhes das ações realizadas e seus resultados, potencializando a condição de permeabilidade e aderência com vistas a um maior desdobramento sobre estas práticas em toda a região de entorno.

Como visão de longo prazo, toda a região da Grande Reserva Mata Atlântica poderá se apropriar de novas técnicas de restauração agregadas a iniciativas voltadas a agrofloresta, proporcionando uma substituição de práticas convencionais que causam prejuízos à natureza e abrindo espaço para uma agenda de geração de renda e qualidade de vida voltadas à proteção e à conservação da biodiversidade, dentro do conceito de produção de natureza e de uma economia restaurativa.