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Oralidade e tradição: mito Kayapó narra a chegada de seus antepassados à terra
A tradição da oralidade, comum a muitos povos indígenas, é especialmente valorizada entre os Kayapó, que se autodenominam “kabem mei” ou “aqueles que falam bem/bonito”. De geração em geração, histórias, cultura, experiências, ensinamentos, rituais e mitos são transmitidos dessa forma. Entre eles o da chegada da etnia à floresta ou ao seu território, uma narrativa repleta de poesia que diz muito sobre a relação desse povo com a natureza e os astros.
Embora sejam conhecidos como Kayapó, este nome deriva da forma como eram chamados por forasteiros e outros povos nativos. Internamente, estes indígenas se referem ao seu povo como Mebêngôkre ou “aqueles que vieram do buraco/fundo da água”.
Eles contam que seus ancestrais viviam no céu até o dia em que um guerreiro caçador, ao perseguir um tatu canastra, cavou um enorme buraco que ligou o céu à terra. Encantado com a visão da floresta e seus rios, levou à descoberta aos tuxauas, seus líderes, que decidiram se mudar para a mata.
A colheita de algodão foi utilizada para produzir uma longa corda, pela qual muitos membros do grupo desceram. Alguns, porém, hesitaram. Nesse momento, um menino travesso cortou a longa corda, separando definitivamente o seu povo.
Os que desceram criaram raízes, família e seguiram perpetuando os ensinamentos da época em que viviam no céu, que seguem admirando até hoje. Os Mebêngôkre acreditam que as estrelas são os seus antepassados celestes e seu brilho os remete todas as noites às suas origens.