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Gestão compartilhada
Não é de hoje que a gestão pesqueira no Brasil é criticada pelo setor produtivo por focar apenas na conservação das espécies de pescado comercialmente mais rentáveis, deixando de lado um elemento fundamental nessa equação: os profissionais da pesca que retiram o seu sustento das águas do mar. Mas no litoral Norte do Rio de Janeiro, essa abordagem promete ganhar outros ares. Levando em conta não só dados biológicos mas também informações de pescadores e consumidores, cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desenvolveram um complexo modelo matemático que ajuda a vislumbrar os diferentes e possíveis cenários de medidas de manejo, sem que elas representem necessariamente grandes perdas na renda ou nos postos de trabalho de quem depende da pesca para viver.
“Medidas de restrição de acesso aos recursos pesqueiros geralmente têm reflexos na cadeia produtiva, com impactos socioeconômicos negativos. E quanto maiores esses impactos, menores as chances de as medidas serem implementadas voluntariamente”, argumenta Marcelo Vianna, coordenador da iniciativa Enfoque ecotrófico e socioeconômico como ferramentas para subsidiar ações de manejo dos recursos pesqueiros. “Acreditamos que conciliar a gestão dos recursos pesqueiros com a socioeconomia local é o mais adequado, e mais eficiente que os modelos empregados atualmente”.
A abordagem é inédita na região. E os pesquisadores ressaltam que o envolvimento dos pescadores não significa um afrouxamento nas ações de manejo. Pelo contrário: “Ao inserir os atores da cadeia produtiva na elaboração das medidas de gerenciamento, nós estamos dividindo também a responsabilidade pela gestão e conservação”, diz Marcelo.