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Filha da FURG
Danielle embarcada: há mais de 20 anos a bióloga estuda a interação das espécies marinhas com a pesca. Foto: Arquivo NEMA
Já faz pelo menos duas décadas que Danielle Monteiro cruza os portões da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Primeiro como estudante de Biologia. Depois, como pesquisadora. Passou pelo mestrado e doutorado em oceanografia. E agora, pela primeira vez ela pisa no campus como professora da universidade. “É a realização do meu sonho maior”, diz Danielle, que faz a coordenação executiva de uma das iniciativas do Projeto de Conservação da Toninha, no Rio Grande do Sul.
Agora é oficial. Mas antes mesmo de passar no concurso e ser nomeada professora universitária em agosto, Danielle já sentia um gostinho de como é participar da trajetória acadêmica dos estudantes. No trabalho com as toninhas, por exemplo, ela orientou vários alunos bolsistas. “Eu tenho muita interação com a formação de alunos nesse projeto, então ele também contribuiu bastante para minha formação como pesquisadora e como docente”, afirma.
No projeto apoiado pelo FUNBIO, a bióloga lidera uma equipe que busca monitorar e entender os impactos da pesca acidental das toninhas no Rio Grande do Sul. Mas o problema não se restringe ao cetáceo: pelo contrário, é uma das principais ameaças para diferentes grupos de animais marinhos.
O tema é velho conhecido de Danielle, que se interessa e se dedica a ele desde os tempos em que era aluna de graduação. Agora, é ela quem levará o assunto para as aulas. “Todo o meu histórico de trabalho começou a ser direcionado para essa área de interação com atividades antrópicas, especialmente a pesca. E para buscar soluções que reduzissem o problema, de forma que seja mantida a viabilidade econômica do setor pesqueiro”, diz.
Danielle conta que a cada nova turma de graduação, há uma quantidade enorme de alunos que querem trabalhar com mamíferos marinhos. Mas são poucos os que se interessam por estudar o tema da pesca. A nova professora pretende atrair mais olhares para a questão. Conteúdo não falta: “A pesca aqui na região é uma atividade muito importante, econômica e socialmente. E a FURG é uma referência na pesquisa pesqueira também. Temos professores e laboratórios trabalhando nisso desde década de 1970”.
Da graduação ao doutorado, Danielle (à direita) tem uma longa parceria com a FURG, referência em pesquisa pesqueira. Foto: Arquivo NEMA
O projeto desenvolvido com o apoio do FUNBIO segue esta rota: por meio de monitoramentos na praia e em embarcações, entrevistas com pescadores e análises laboratoriais, os pesquisadores pretendem subsidiar com dados científicos as discussões com governos e sociedade civil sobre o ordenamento da atividade. A responsabilidade é grande. Tanto dentro como fora das paredes da universidade. Mas Danielle está empolgada com a nova missão.
Suas primeiras vivências em sala de aula vieram ainda em 2013, durante o doutorado, quando precisou fazer alguns estágios de docência. Ali começou a brotar uma semente dentro dela. “Eu não me via como professora, mas quando tive essa experiência foi muito enriquecedor. Fui percebendo como poderia agregar conhecimentos e despertar interesse nos alunos para fazerem trabalhos de conservação nessa área. Quando acabavam as aulas, eu sempre queria mais”, conta.
E este tempo chegou. Enquanto organiza e encerra as análises de dados do Projeto de Conservação da Toninha, que termina em dezembro, Danielle já começa a lecionar para sua primeira turma de calouros em oceanologia – por enquanto, de forma remota, por conta da pandemia da COVID-19.
Ela está feliz com o fechamento de um ciclo e com o recomeço de uma nova jornada na FURG, sua segunda casa: “O projeto com o FUNBIO foi bem importante pois conseguimos muitos dados atuais e relevantes, principalmente relacionados à interação da pesca com as toninhas e outras espécies capturadas acidentalmente”, diz ela, pronta para o novo desafio. “Me sinto muito honrada de realizar esse sonho de se tornar professora na universidade que me formou, e que eu admiro tanto”.
Texto originalmente produzido pelo jornalista Bernardo Camara para a newsletter “Linhas do Mar” para divulgação do Projeto de Apoio à Pesquisa Marinha e Pesqueira e do Projeto Conservação da Toninha.