Em 2018, a temporada na Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca apresenta números atípicos. Depois de três anos seguidos com baixa incidência de baleias, neste ano a quantidade explodiu: foram mais de 280 animais contabilizados, segundo o ICMBio.

O litoral sul de Santa Catarina é uma região central para a sobrevivência da baleia-franca-austral. Entre julho e novembro, a região torna-se um importante santuário para a reprodução e a migração da espécie, ameaçada de extinção.

“Nossa contagem anual de baleias é realizada por meio de sobrevoo em helicóptero, em setembro, de Florianópolis até Torres (RS). Se a média observada nos últimos 3 anos ficou abaixo do normal (aproximadamente 100 baleias), em 2018 avistamos 284, entre adultos, jovens e filhotes. Não há uma causa consolidada para esse pico tão fora da curva, mas há fortes evidências de ligação com eventos climáticos que afetam a disponibilidade de alimentos na Antártida, onde se alimentam e de onde migram para a costa brasileira”, explica o gestor da APA, Cecil Roberto de Maya.

Há estudos apontando anormalidades na oferta de alimento para as baleias na Antártida. Para além, existe a possibilidade de muitas baleias que não migraram e reproduziram terem se aproveitado das condições, o que eleva a presença de animais na costa sul brasileira. “Ainda são suposições, mas trabalhamos para entender o fenômeno”, conclui Cecil.